Thursday, June 28, 2007

Hóquei em patins - Montreux 2007

Foi com pena e com grande descrença que assisti ao pior resultado de sempre de Portugal num Campeonato do Mundo - 6ºlugar. Pela primeira vez ficamos fora das meias finais, o que se afigurava quase impensável para nós portugueses. Foi também a terceira vez (apenas a terceira felizmente) que ficamos fora do pódio. O preocupante são os resultados dos últimos anos. Nos últimos sete mundiais só fomos a duas finais.

A equipa técnica e a comitiva prometiam lutar pelo título. Ficamos contudo muto aquém desses objectivos. Os primeiros jogos não deixavam antever um grande resultado, mas com o evoluir do campeonato pensava-se que a selecção iria melhorar. Quando soube que iamos defrontar a anfitriã não fiquei agradado. E tais receios lamentavamente confirmaram-se de forma que nem queria acreditar.

O seleccionador, depois da eliminação precoce, disse não ser um dia de vergonha mas sim um dia de tristeza para o hóquei nacional. Talvez só tristeza não chegue para descrever o impacto deste resultado. Aponta-se a evolução de outros países que se aproximaram das quatro grandes potências da modalidade. É verdade que a Suíça e a França estão mais fortes. É óptimo para o hóquei em patins que isso aconteça. A Suíça ter chegado à final foi positivo. Mas dos quatro primeiros deste ano o crónico candidato que falta no quadro de honra é Portugal.

A tal renovação de jogadores não foi bem sucedida pelo menos este ano. Todos os dez que estiveram no Mundial têm qualidade e mérito. Mas eventualmente nem todos eles componham os dez melhores jogadores portugueses. Foram escolhas, é sempre difícil optar por uns em detrimento de outros. Parece inegável que nos últimos anos esta geração não tem tido tanta capacidade como a anterior.

Este resultado é também consequência das dificuldades financeiras que vivem muitos dos clubes e do desinvestimento feito pelo Óquei de Barcelos e pelo Benfica feito há alguns anos. No caso do Benfica, a tendência já se tem vindo a inverter. O resurgimento do Sporting que desapareceu tão depressa como veio não ajudou nada. Alguns dos melhores jogadores portugueses foram jogar para Espanha e Itália.

Será preciso reflectir sobre o momento do hóquei em patins nacional e o que se deve fazer para inverter esta tendência. Esta má prestação em Montreux foi apenas uma consequência deste mau momento. Paulo Baptista deve continuar como seleccionador? Depois deste resultado tem condições para isso? Ele foi o último treinador a conseguir conquistar um troféu europeu para um clube nacional - venceu a Taça Ceres com o Paço d´Arcos. Para além disso fez um excelente trabalho na formação de jogadores, entre os quais despontaram bons valores como por exemplo Filipe Gaidão. Mas será que deve ser ele o treinador máximo que tem de corresponder à exigência de um país?

Quanto à federação tem feito tudo o que pode para garantir o melhor presente e futuro da modalidade? Deverão ser encontradas novas pessoas para dirigir os seus destinos? Há que equacionar todos os diferentes cenários. Na minha opinião, talvez façam falta algumas das maiores figuras do hóquei nacional. O nosso seleccionador talvez pudesse ser uma delas, Vítor Hugo, Cristiano Pereira, Carlos Dantas, Franklim, ou até alguém da geração mais recente, dos anos 90 (Tó Neves, Luís Ferreira...). Precisamos de todos aqueles que marcaram a história recente do hóquei em patins.

Por toda a tradição e história que o hóquei em patins tem em Portugal há que garantir o melhor futuro para ele. Mesmo não sendo um desporto olímpico, temos com ele uma sensação de pertença. É a nossa modalidade! Todos nós aguardamos que recupere a sua vitalidade e de preferência também, as vitórias!

1 comment:

Cristóvão de Aguiar said...

Li hoje no Ilha Maior um artigo de José Gabriel Ávila, jornalista que muito prezo. Do artigo publicado gostei. Só tenho pena que tivese escrito "concerteza", em vez de com certeza. Um abraço e desculpe a ousadia